No Dicionário Houaiss, “diálogo” é definido como uma conversa entre duas ou mais pessoas, onde há troca de ideias e busca por entendimento. Isto não aconteceu nos últimos debates entre as duas chapas que postulam a Reitoria da UFSM. Os representantes da Chapa 1 UFSM + acolhedora ficaram sozinhos nos últimos debates na segunda e na terça desta semana.
Na noite de 23 de junho, o encontro foi na SEDUFSM, entidade sindical que representa os professores da instituição. A Chapa 2 não compareceu por discordar de uma regra. Representantes da chapa enviaram um documento à Sedufsm solicitando a alteração, mas como a proposta não foi aceita, a chapa manteve sua posição.
Segundo a SEDUFSM a expectativa era que houvesse um confronto de ideias entre as chapas, respeitando o espírito da disputa democrática. Em virtude da ausência, Felipe Müller, candidato a Reitor pela Chapa 1, respondeu a perguntas elaboradas pela diretoria da SEDUFSM, outras que foram encaminhadas por docentes da instituição, mas que tiveram anonimato garantido. As questões respondidas por Felipe Müller trataram de temas diversos, como a reforma administrativa interna da UFSM, a situação de progressões e promoções, melhorias de infraestrutura, produtivismo, entre outros pontos. Confira aqui a notícia publicada pela SEDUFSM: https://www.sedufsm.org.br/noticia/8646-debate-reitoria-da-ufsm-chapa-1-responde-questoes-da-sedufsm-e-de-docentes
Já na terça, dia 24, a partir do meio-dia foi a vez de participar do debate promovido pelo DCE. Mais uma vez a Chapa 2 não compareceu, desta vez sem justificativas públicas. A Chapa 1 UFSM + acolhedora foi com seus dois representantes, Felipe Müller e Alessandro Dal´Col Lucio. Confira algumas respostas aos questionamentos dos estudantes:
Pergunta – Haverá reforma na CEU do Centro, abertura do terceiro RU ou reabertura do RU do Centro? Haverá maior coparticipação nas passagens conforme a possibilidade de aumento dessas?
Chapa 1 – Gostaria de dizer que para nós não existe pergunta cabeluda, talvez para os outros tenham, porque não aparecem nos debates e não aparecem para discutir as ações com a comunidade. Em primeiro lugar, nós já temos no nosso plano de gestão a reforma de todas as CEUs.
Precisamos adequar a CEU 1 para receber bloco a bloco os estudantes que estão alocados aqui para que a gente possa fazer as reformas estruturais que são necessárias. Precisamos reabrir o RU do Centro para que ele possa dar conta da alimentação desse acréscimo de pessoas lá e não só esse acréscimo de pessoas, mas também os alunos do Praxis Alternativa e os monitores que lá trabalham. Precisamos ter isso e esses alunos têm que ser considerados alunos da nossa instituição.
Estaremos muito fortemente trabalhando para a melhoria das condições de salubridade aqui. E vamos analisar todas essas situações de vale-transporte dentro do campo, mas vamos estar junto ao movimento estudantil no sentido de que não haja esses aumentos porque eles não estão ao alcance da instituição. Mas vamos estar juntos, pressionando e como sempre estivemos juntos ao movimento estudantil, nas questões sérias que são identificadas na nossa instituição para trabalhar junto.
Por isso, chega de 12 anos de abandono à nossa instituição. Vamos de Chapa 1 amanhã para fazer essa mudança e para que nós possamos novamente ter uma gestão de trabalho.
P- Sobre o businho, que levava os alunos ao HVU e que foi suspenso sem nenhum aviso pela atual gestão, quais são as propostas que vocês apresentam? Retomá-lo?
Chapa 1 – Nós temos uma proposta muito clara em relação não somente ao businho, que faz ou fazia todo o trajeto dentro do nosso campo de Santa Maria, mas também a proposta muito clara de discutir novamente, juntamente com o Núcleo de Transporte, a Pró-Arquitetura e a Infraestrutura, o nosso transporte intercâmbio dos nossos três campos de Cachoeira do Sul, Palmeiras das Missões e Frederico Westphalen. Mas nós temos uma responsabilidade muito grande em voltar a ter esse transporte gratuito dentro da nossa Universidade e entre os nossos campus, mas com veículos que tenham toda a segurança para a nossa comunidade.
Não veículos que não passem por manutenções e coloquem em risco a vida e a integridade física da nossa comunidade. Temos, sim, essa proposta concreta e séria, respeitando a reivindicação dos nossos estudantes e da nossa comunidade, porque o nosso campus é muito grande e nós temos essa responsabilidade de dar mobilidade à nossa comunidade. Então, sim, estaremos juntos discutindo e viabilizando novamente não só o retorno do buzinho inteiro no campus de Santa Maria, mas também o nosso intercampi de forma segura e eficiente.
P – Estudantes indígenas, mães e pais vivem em condições de extrema precariedade nas CEUs e na CEI. Muitas vezes, na maioria das vezes, sem apoio institucional para seus filhos. Qual é o seu plano para garantir políticas específicas de permanência que contemplem também a infância e as famílias que habitam a universidade?
Chapa 1 – Muito obrigado pela pergunta. É extremamente importante esclarecer mais uma fake news que dizem que eu não aceitava mães dentro da casa dos estudantes que elas deveriam comer no mesmo prato que o seu filho. Bobagem! Nós criamos todos esses blocos que estão aqui hoje, tirando esse primeiro que estava já pronto, construímos todos os blocos. Estão previstos blocos para famílias, blocos para pós-graduação e prevemos blocos para que as pessoas pudessem ter acesso maior a casa do estudante e saísse aqui da união.
Fizemos isso e vamos fazer mais. Não vamos deixar a casa indígena com esgoto a céu aberto, dizendo que fazem tanto uso de notórios saberes e não usam o notório saber para fazer uma fossa séptica com bananeira que poderia melhorar a sepsia de lá e não deixar as crianças indígenas brincando a esgoto a céu aberto lá atrás da casa. Precisamos fazer brinquedotecas em todos os centros para que as mães possam deixar seus filhos enquanto estão assistindo aula dentro de uma brinquedoteca como existe no centro de educação.
Precisamos fazer salas de aleitamento para não constranger mães e colegas na hora tão interessante da amamentação. Precisamos fazer isso e não vamos ficar só dizendo que vamos fazer e não fazer nada por 12 anos. Vamos fazer sim a partir de 1º de janeiro.
Vamos estar trabalhando e amanhã vamos estar já nos preparando para todo esse desafio que vem. Muito obrigado a vocês e contem conosco com a Chapa 1 amanhã.
P – Sabendo o comprometimento da reitoria com a saúde mental dos alunos da UFSM, como as chapas pretendem aumentar os espaços de lazer e integração estudantil dentro da universidade, visando promover a saúde mental dos alunos?
Chapa 1 – Em primeiro lugar, muitas vezes fui ridicularizado por dizer que nós precisamos iluminar as churrasqueiras da CEU novamente, para que os nossos estudantes possam assar nas churrasqueiras e tomar uma cervejinha. Isso é espaço de descompressão, isso é espaço que faz uma integração, isso é espaço que pode acolher, que pode tratar de minimizar a saúde mental daqueles que ficam presos em salas insalubres, em quartos insalubres dentro da CEU. Nós precisamos disso e precisamos ampliar para todos os campi espaços onde as pessoas possam confraternizar, espaços que sejam geridos pelos estudantes, para que nós possamos ter esses pontos de descompressão.
É importantíssimo isso, para dar um passo na melhoria da saúde mental. Também temos as salas acolhedoras, que vão ser implantadas em todas as unidades de ensino, inclusive nos campi que não estão em Santa Maria. Precisamos disso, precisamos voltar a ter integração, precisamos voltar a ter condições salubres para que nossos estudantes permaneçam aqui em nossa instituição.
Precisamos dessas ações. E não é simplesmente ridicularizando um churrasquinho com uma cervejinha que vão me derrubar. Nós precisamos desses espaços, porque é onde nós resolvemos muitos problemas, inclusive fazemos amigos.
Precisamos disso novamente dentro do campo. Iluminação nas churrasqueiras e espaço de lazer em todos os campos que nós temos aqui. É isso que nós precisamos, para que os estudantes voltem a ter vontade de estar aqui e que tenham tranquilidade para permanecer aqui.
