Na reta final da campanha para a Reitoria da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), os candidatos da Chapa 1 intensificaram suas visitas aos diversos setores da instituição. Com uma agenda cheia, Felipe Müller (candidato a reitor) e Alessandro Dal’Col (candidato a vice) estiveram em departamentos acadêmicos e órgãos administrativos estratégicos, ouvindo demandas, denúncias e apresentando propostas para enfrentar os desafios da universidade.
Visita ao Departamento de Microbiologia: alerta sobre infraestrutura precária e segurança
Durante visita ao Departamento de Microbiologia, os candidatos ouviram denúncias graves sobre a situação da infraestrutura dos laboratórios. Professores relataram que o teto do laboratório de Parasitologia desabou, danificando equipamentos. O problema, segundo os relatos, era de simples resolução: “era só desentupir a calha”, afirmou um docente. As calhas, inclusive, estariam entupidas com cimento e apresentavam furos, comprometendo o escoamento da água e agravando o risco de novos acidentes.
A insegurança também foi tema de destaque. Uma servidora relatou ter sido atacada dentro da própria sala e, segundo ela, a orientação recebida foi apenas para “sentar e orar”. A denúncia escancarou a ausência de protocolos efetivos para lidar com situações de violência no campus.
Além das críticas, os docentes expressaram o desejo de ver a universidade crescer: “Entramos aqui para ser professores, mas fazemos muito mais, desenvolvemos pesquisa e ensino para melhorar a comunidade”.
Os servidores relataram ainda que ficam perdidos dentro das tramitações da UFSM “Hoje tudo é resolvido pelo PEN-SIE e vai pra PROINFRA”. Felipe e Alessandro reconheceram os problemas e defenderam a criação de uma estrutura permanente para fiscalização e manutenção da infraestrutura. Segundo eles, é necessário rever esse fluxo para garantir maior eficiência.
Encontro na CAED: acessibilidade, saúde mental e gestão de crise
Na Coordenadoria de Ações Educacionais (CAED), subunidade administrativa vinculada à Pró-Reitoria de Graduação e que desenvolve ações de apoio junto ao público da UFSM, a pauta foi ampla e incluiu temas como inclusão, acessibilidade e políticas de saúde mental. Felipe defendeu um diagnóstico completo sobre as condições de acessibilidade no campus, com o compromisso de agir a partir dos resultados.
Também foi discutida a criação de uma Unidade Básica de Saúde (UBS) em parceria com a prefeitura, que tem interesse no antigo prédio do HUSM no centro da cidade. A proposta inclui ainda a implantação de um CAPS III, ampliando a atenção em saúde mental para a comunidade universitária.
Felipe criticou a atual gestão da UFSM por sua postura frente a tragédias que afetaram diretamente a universidade, como o acidente com o elevador e o acidente rodoviário com estudantes: “A gestão não se pronunciou, apenas jogou a responsabilidade para outros. Isso é falta de gestão de crise”, disse. Ele reforçou a necessidade de uma atuação mais humanizada por parte da Reitoria.
Outros temas abordados incluíram:
- Reabertura do Restaurante Universitário do Centro;
- Reforma dos blocos da Casa do Estudante Universitário (CEU), atualmente em situação crítica após 12 anos sem manutenção;
- Atendimento a aposentados, com proposta de visitas domiciliares;
- Diminuição da burocracia em processos como a progressão docente;
- Reorganização do código disciplinar estudantil, especialmente para lidar com casos graves.
Visita ao curso de medicina e debate sobre o futuro do HUSM
Em conversa com docentes e alunos de Medicina no Centro de Ciências da Saúde (CCS), o debate girou em torno do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM), cuja gestão é feita atualmente pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). Felipe foi categórico: “O HUSM é um hospital escola e deve ser dirigido por um docente. A universidade não pode continuar refém da Ebserh”.
Segundo ele, a Ebserh retirou a autonomia dos docentes e descaracterizou o hospital enquanto espaço formativo prioritário para estudantes da UFSM. Atualmente, estágios têm sido concedidos a outras instituições sem diálogo com os cursos da casa.
Felipe também defendeu a permanência do Programa de Gestão de Desempenho (PGD), mas ressaltou que sua implementação gerou insegurança aos servidores. “As chefias devem assumir suas responsabilidades e garantir transparência nos processos”, afirmou.
Outro ponto sensível foi a distribuição de vagas docentes. No caso da Medicina, o curso só possui mestrado profissional e enfrenta dificuldades para manter e expandir seu quadro de professores. Felipe defendeu que as vagas devem retornar à origem e que novas demandas sejam discutidas com a comunidade.
Compromisso com uma gestão próxima
A chapa 1 tem defendido ao longo da campanha uma gestão mais presente, responsável e que enfrente os problemas da universidade com planejamento e escuta ativa. Felipe afirmou: “O que me angustia não é o que foi feito ou deixado de fazer, mas a ausência de responsabilidade da atual gestão diante dos desafios. Eu não tenho medo de trabalhar”.
A eleição para reitor e vice-reitor da UFSM ocorre nesta quarta-feira (25), e a comunidade universitária está convocada a decidir os rumos da instituição pelos próximos quatro anos.