O quarto e último debate da consulta pública para Gestão 2026-2029 foi realizado na tarde desta terça-feira, 17 de junho, no Auditório Wilson Aita do Centro de Tecnologia. As duas chapas concorrentes à Reitoria da UFSM participaram por mais de duas horas respondendo às perguntas formuladas pelo público e pelos candidatos a reitor(a) e vice-reitor das chapas: Felipe Martins Müller e Alessandro Dal’Col Lúcio, pela Chapa 1 UFSM + acolhedora, e Martha Bohrer Adaime e Tiago Bandeira Marchesan, pela Chapa 2. A íntegra do debate pode ser vista no You Tube: https://ufsmmaisacolhedora.com.br/quarto-e-ultimo-debate-foi-nesta-terca/ Selecionamos alguns pontos mais relevantes em momentos que evidenciam que a Chapa 1 UFSM + acolhedora é mais capacitada para assumir a Reitoria da UFSM em 2026.
O debate foi dividido em 4 blocos com sorteio das chapas para as perguntas e respostas.. No 1º bloco, cada chapa fez suas considerações iniciais. O candidato a vice-reitor pela Chapa 1 UFSM + acolhedora, Alessandro Dal’Col Lúcio saudou a mesa e a comunidade presente. Ele explicou a razão da escolha do nome UFSM mais acolhedora: “Traduz com clareza o projeto para a universidade que queremos. Uma universidade em que cada pessoa se sinta respeitada, valorizada e parte ativa na construção do nosso futuro”. Ele também explicou que a UFSM que a Chapa 1 deseja é “radicalmente democrática, onde as decisões não venham de cima para baixo”. Alessandro destacou também que o diálogo deve ser respeitado e valorizado e que ele e Felipe defendem a liberdade de expressão, de pensamento, a autonomia universitária, a diversidade e o respeito à pluralidade, pois não há inovação sem democracia, não há excelência acadêmica sem inclusão e respeito.

Felipe Müller, por sua vez, lembrou que é necessário trabalhar muito pela permanência dos universitários que ingressam na UFSM: “Assumimos o compromisso de reformar as Casas de Estudante e dar dignidade enquanto estas pessoas estiverem aqui na instituição”. Ele destacou que a Chapa 1 se propõe a abrir o RU 3 e reativar o RU do centro, garantir o acesso global à Internet e construir espaços de vivência e convivência para evitar que os alunos entrem em processos depressivos. Felipe foi enfático ao mencionar o que é cuidar da UFSM: “ É enfrentar com coragem os problemas que muitos preferem ignorar, pois temos que combater todos os tipos de assédios, sejam sexuais ou morais, temos que combater o racismo e todas as LGBTfobias e para isso vamos criar uma ouvidoria muito sensível e profissional”. Por fim, declarou que a universidade deve ser um lugar onde ninguém tenha medo de existir, nem de se manifestar. Outro ponto importante foi que a Chapa 1 é favorável ao PGD e as 30 horas. Para os docentes Felipe declarou que vai utilizar o Lattes para a progressão e destravar o processo em andamento. Para encerrar, conclamou: “Precisamos de uma universidade que respeite, que acolha e que transforme”.
A UFSM de hoje não tem gestão nem planejamento
No 2º bloco foi o momento de questionamentos entre as chapas. A Chapa 1 perguntou por que, nesses últimos 12 anos, se implementam ações de sucateamento nos serviços da UFSM e não ações para a melhoria desses serviços, alegando sempre falta de recursos e demandas governamentais? A resposta foi evasiva: “Nós tivemos que fazer a terceirização da gráfica, porque hoje nós temos apenas oito colegas RJUs na gráfica”. A réplica de Felipe foi pontual : “A UFSM hoje tem entregue, em N situações, essas terceirizações, demonstrando que não faz gestão e não faz planejamento”. O questionamento da oposição se reportou ao passado, insinuando que na gestão de Felipe nada foi feito em termos de reformas e conclusão de obras. Ao que o candidato da Chapa 1 respondeu com firmeza: “Parece que as pessoas têm memória muito curta. Todas as CEUs e os blocos que não haviam sido concluídos, foram concluídos durante a nossa gestão, utilizando os recursos do REUNI (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais). Mais adiante, Felipe relembra que “dizer que não fizemos nada é muita empáfia. Hoje nós temos toda a situação, inclusive esse auditório que estamos aqui (do Centro de Tecnologia) foi construído e inaugurado na minha gestão”.
O descaso, o desrespeito e a desassistência aos estudantes
A segunda pergunta feita pela Chapa 1 diz respeito à desassistência e descaso em relação aos estudantes. Foram relatados casos de repressão policial dentro do campus, falta de acolhimento, a assistência estudantil precária, problemas de insegurança alimentar, sérios problemas de saúde mental, problemas estruturais nas casas de estudantes, problemas de segurança no campus em viagens de estudos, entre tantos outros. A Chapa 2 , mais uma vez, rebate com declarações genéricas de que mantêm em recuperação constante da casa do estudante. A réplica da Chapa 1 foi esta:”Nós passamos em várias visitas nas nossas casas de estudantes e o cenário oposto não é esse. Nós identificamos sérios problemas de infiltrações, problemas na rede elétrica, problemas na rede hidráulica, problemas de segurança, problemas de não atendimento no momento que os estudantes pedem socorro à universidade”. Mais uma vez Felipe foi enfático: “Isso nós não podemos admitir. Isso é um total desrespeito à nossa comunidade adjacente.”

Já a segunda pergunta da outra chapa foi sobre a capacidade de Felipe fazer uma gestão quatro vezes melhor que a anterior, já que o orçamento diminuiu e o número de alunos duplicou, forçando o que foi chamado de um esforço quatro vezes superior. A resposta, mais uma vez, demonstra o conhecimento do candidato sobre a situação da UFSM como um todo ao longo dos últimos 12 anos: “Então, não temos medo de orçamento pequeno ou orçamento grande. Temos a vontade de trabalhar e buscar esses recursos onde quer que eles estejam. E sim, vamos fazer uma gestão dez vezes melhor do que fizemos antes, não é quatro vezes.” Ele destacou que a Chapa 1 vai trabalhar com orçamento que tiver, porque gestão se faz buscando alternativas e buscando situações inovadoras para que a universidade não pereça. “Nós temos essa obrigação com a nossa instituição e se houve todo um processo de pandemia, porque naquela pandemia não foram utilizados os recursos para renovar nossa infraestrutura e nossa frota?” E ainda lembrou:” E Silveira Martins, nós tivemos todo o cuidado de interagir com a comunidade, fazer aquela unidade acontecer e ela foi extinta por vontade da gestão que vocês representam”.
As perguntas da Comunidade Universitária
Já o 3º bloco foi das perguntas do público, cujos representantes da comunidade foram sorteados entre os presentes no auditório. A isonomia entre docentes, TAEs e estudantes foi garantida por duas perguntas por categoria.
A primeira pergunta dos estudantes: O que a chapa propõe para melhorar os espaços de convivência da UFSM?
Felipe respondeu que é preciso criar espaços onde os estudantes possam novamente conviver e interagir em todos os campi da UFSM. “Precisamos ter lugares onde nossos estudantes, no final de semana, possam sair das suas casas e ter locais para confraternizar, para se encontrar”. Ele ainda destacou que está sendo trabalhada uma parceria público-privada para recuperar o espaço do centro da cidade, citando como exemplo o edifício garagem que vai financiar não só os projetos sociais na antiga reitoria, mas sua reforma, a garantia de financiamento para o Práxis e para a Alternativa e no térreo desse edifício garagem, criar um local onde os estudantes possam se divertir de forma barata e administrada pelo nosso Diretório Central de Estudantes, mantendo viva a estrutura que existe de universidade.
Mas para isso , ele lembrou que “ não adianta só ter espaço de convivência se a nossa casa estudante precisa de reforma e está em um ambiente insalubre. Não adianta só espaço de convivência se nossos estudantes não têm segurança alimentar comendo ou, às vezes, não tendo alimento ao final das refeições”. Segundo Felipe, isso é garantia de permanência, isso é garantia de felicidade, isso é garantia de segurança dos estudantes: “ E não ficar deixando eles tomarem água contaminada por rotavírus e ter um monte de situações subnotificadas aqui dentro da instituição” A Chapa 1 reitera que o respeito e a assistência será feito de forma efetiva, eficiente e acolhedora.
A segunda pergunta do terceiro bloco foi a primeira dos técnicos administrativos em educação:” Qual é a proposta da Chapa para não terceirizar qualquer setor da UFSM?”
A Chapa 1 considera que, em primeiro lugar, é preciso valorizar os TAEs. Não é com conformismo que se trabalha com terceirização.É preciso lutar pelos por eles e não se conformar com ações governamentais.” Nós temos que, até o último instante, lutar pela nossa instituição e pelo nosso quadro. Isso é fazer gestão de universidade, e não se conformar”, alertou Felipe.

A terceira pergunta do terceiro bloco, sendo a primeira da categoria dos docentes: Você acredita que alguém que não participou da consulta para a pesquisa com a comunidade possa ter seu nome indicado pelos conselhos?
Felipe esclareceu que desde que se dispôs a participar de processos eletivos dentro da universidade ele participou de processos democráticos e paritários. “E ganhei muitas vezes, perdi uma, e na eleição que eu perdi, eu fui a primeira pessoa dentro dos conselhos, mesmo tendo ganho nos docentes, a dizer, tirem meu nome da lista porque eu não ganhei uma eleição a qual eu me dispus a participar, democrática, paritária e inclusiva dentro da universidade”, destacou. Ele considera muito estranho que esta questão volte a ser mencionada: “Eu espero muito que o conselho respeite a decisão da comunidade e possa fazer valer isso. E se eu ganhar, eu espero mesmo a postura da chapa adversária, e se eu perder eu terei a mesma postura que é retirar meu nome da lista para que possa ir uma lista completamente de vencedores.”
A quarta pergunta foi a segunda da categoria dos discentes: Sobre os casos de suicídio da CEU, desde 2019 foram mais de cinco mortes. Como futura reitoria, quais são os planos reais para evitar tragédias como esta?
Nós temos que tratar esse assunto sério dentro da universidade de duas formas. Nós não podemos tratar somente no momento que isso acontece dentro da nossa instituição. Nós temos que ter ações preventivas de acolhimento aos nossos estudantes, no sentido de ter uma moradia adequada, uma moradia digna para os nossos acadêmicos.
Temos que, também, imaginar que dentro da nossa universidade há moradia de mais de duas mil pessoas que, hoje, infelizmente, não têm uma área de lazer e de convivência. E isso, realmente, gera gatilhos. E a nossa saúde mental passa a estar devidamente comprometida.
A quinta pergunta, sendo a segunda da categoria dos técnico-administrativos em educação. A flexibilização da carga horária de 30 horas já está sendo implementada na UFRGS. O que a UFSM está esperando para implementar?
O que nós temos que fazer é, junto com as entidades representativas de classe, estudar essas minutas, organizar uma resolução interna para que isso seja aplicado e enviado aos conselhos imediatamente. Como eu fiz para o Hospital Universitário de Santa Maria, a flexibilização das 30 horas para toda a área de enfermagem e fiz no Hospital Universitário Veterinário. Isso é ação, não é ficar esperando.
Sexta e última pergunta do terceiro bloco, sendo a segunda da categoria dos docentes.Como vocês vislumbram a inclusão da inovação e empreendedorismo na formação dos docentes e discentes?
Inovação não se faz só em tecnologia e agronegócio, inovação se faz no nosso dia a dia em sala de aula, no nosso dia a dia da instituição e podendo acolher cada vez melhor os nossos estudantes e cada vez mais não termos processos de racismo, fobias e agressões contra nossas mulheres. Precisamos trabalhar nesse sentido para que as coisas aconteçam bem dentro da nossa instituição.
Isso é fazer inovação, isso é trazer as inovações para dentro da sala de aula. Metodologias ativas, todos esses processos são coisas que eu utilizo há bastante tempo e nunca fui chamado para dar exemplo em nenhum lugar do nosso centro de tecnologia. Fizemos várias ações junto com o centro de educação no sentido de investigação ação educacional, que trabalhava com desafios dentro da sala de aula.
O bloco final foi destinado às considerações finais de cada chapa.
Quero iniciar essa minha fala parabenizando a toda a nossa comunidade por esse espaço democrático. Porque nessa caminhada nós não conseguimos chegar em todos os lugares e todos os setores algumas vezes por serem mal recebidos, por ser algumas vezes não acolhido nosso pedido de visita. Então parabenizar esse ambiente democrático.
Não compactuamos com a universidade onde o medo impera. Devemos trabalhar reconhecendo e valorizando as diferenças e as pessoas que fazem parte da nossa comunidade. Nossa UFSM resiste bravamente a insegurança, a falta de respeito, a falta de empatia, a falta de acolhimento, a falta de infraestrutura entre tantos outros desamparos.
Temos muito a fazer e vamos trabalhar por uma UFSM muito mais acolhedora e humana. A Chapa 1 Felipe Alessandro quer mudar os rumos da Universidade Federal de Santa Maria. Que é uma universidade mais segura, mais acolhedora, mais diversa, mais inovadora.

Nós queremos que docentes, técnicos associativos de educação e estudantes venham alegres para as suas atividades na UFSM. Nós queremos que a nossa frota de veículos possa levar nossos estudantes para uma aula prática e retornar com todos íntegros e seguros. Nós queremos que elevadores não caiam mais na nossa instituição com cinco pessoas dentro.
Nós queremos que a água não interfira na gestão do nosso restaurante universitário. Nós queremos essa instituição onde a gestão assuma os seus erros, cuide das famílias, cuide dos feridos e cuidem das pessoas que estão nos assistindo aqui, tristes por não poderem estar aqui, por estarem ainda feridos ou chorando seus familiares perdidos. Nós não queremos que ninguém da comunidade acadêmica fique triste, doente, ferido ou morto pela incompetência ou negligência da gestão.
Criamos todo um processo de um mestrado de gestão de organizações públicas e temos que colocá-lo em todos os campi desta instituição sem medo. Nós temos que vencer esse medo e vencer o príncipe e a rainha das fake news dentro da universidade. Vamos parar com isso, vamos falar a verdade e vamos trabalhar para essa universidade ir para frente e ser o que ela merece.
Por isso dia 25, Chapa 1 UFSM + acolhedora com Felipe e Alessandro para mudar essa instituição de vez e recolocar a Universidade Federal de Santa Maria nos trilhos. Sem esse excesso de CCs e FGs que nós estamos vendo.