Santa Maria (RS), 22 de maio de 2025 — Maria Rita Py Dutra, referência nacional nas discussões sobre relações étnico-raciais na educação superior, declarou nesta semana seu apoio à candidatura de Felipe Müller, ex-vice-reitor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), ao cargo de reitor da instituição. O apoio reacende a memória de uma das decisões mais emblemáticas da história da UFSM: a aprovação do Programa de Ações Afirmativas de Inclusão Racial e Social, em 2007.
Maria Rita foi uma das protagonistas do processo que resultou na implantação das cotas raciais na UFSM. À época, enfrentou intensos debates e resistências dentro da universidade, culminando em uma votação apertada no Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE): 19 votos a favor, 18 contra. O voto de minerva, dado pelo então reitor Clóvis Lima, foi decisivo — e contou com o firme apoio de seu vice, Felipe Müller.
“Felipe foi um aliado estratégico em um momento crítico para a universidade. Ele compreendeu, desde o início, que o papel da universidade pública vai além da excelência acadêmica — ele também envolve justiça social e reparação histórica”, afirmou Maria Rita em nota divulgada pelo GT Negros: Discutindo Relações Étnico-Raciais em Santa Maria/NECON, grupo que atualmente coordena.
A educadora, que em 2018 tornou-se a primeira mulher negra a concluir o doutorado em Educação pela UFSM, é vinculada ao Núcleo de Estudos Sobre Memória e Educação – Povo de Clio, coordenado pelo professor doutor Jorge Luiz da Cunha, seu orientador de tese. Sua pesquisa doutoral investigou a trajetória de estudantes cotistas negros egressos da UFSM no mercado de trabalho, dando continuidade ao seu compromisso com políticas de equidade racial.
“Apoiar Felipe Müller é também uma forma de defender a memória da luta antirracista na universidade e garantir que novos avanços sejam possíveis”, destacou.
A candidatura de Müller à reitoria ganha, assim, um apoio de peso entre os setores comprometidos com a inclusão e diversidade dentro da UFSM. A expectativa é de que temas como permanência estudantil, combate ao racismo institucional e expansão das ações afirmativas estejam no centro de seu programa de gestão.
A eleição para a reitoria da UFSM ocorrerá nos próximos meses, e promete mobilizar diferentes setores da comunidade acadêmica. Com o respaldo de figuras históricas como Maria Rita Py Dutra, a disputa ganha contornos que vão além da administração: trata-se também de um debate sobre o futuro da universidade pública brasileira.
Uma publicação compartilhada por Felipe e Alessandro | UFSM VOTA 1 (@ufsmmaisacolhedora)